quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Olhos que brilham

     É dia 24 do mês de Dezembro, um calor escaldante, prenuncia chuvas torrenciais, véspera de Natal, corações apertados, de num piscar de olhos, ganhar algo de seus sonhos, mas que sonho? O pode querer um menino de 8 anos, roupas surradas, tênis tão velhos que conforme ele andava, parecia a ponta dos dedos dos pés? Sem perceber era analisado, via nos seus olhos famintos princípios de desnutrição mal tratos, era um típico menino de rua.
      Através das grades do portão fechados, seu olhar era fascinante, fixo brilhante em cima de algo. Talvez pensasse como é lindo meu presente, vou brincar com ele todos os dias, mostrar aos meus amigos cuidar bem dele, a tensão aumentava pois chegava mais e mais pessoas que aglomeradas no portão dava a ideia que na hora da abertura seria uma guerra, supostamente o menino agarrado nas grades pensava em Deus, para ajudá-lo a ser o primeiro a entrar, não conversava com outras crianças pois seria traído pelos seus olhares, sua mãe com irmãos de colo, magra com olhar triste e distante, ora olhava as sestas ora as roupas usadas, notava claramente que  tinha urgente necessidade também de ganhar alimentos, ela dizia baixinho para o filho, pegar uma sandália ou um tênis, o menino nem ouvia, ele queria o que sonhava, e não o que sua mãe necessitava, como são diferentes os sonhos!
Continuava chegando mais e mais pessoas e crianças, falava, eu quero aquele ursinho, outra queria uma boneca, outra como achava lindo aquele boneco de plástico, outra derrepente falou aquele caminhão é meu, ouvindo isto, olhei imediatamente para o nosso menino, seu olhar se voltou para o colega, ví que seus olhos brilharam de lágrimas, sentiu-se descoberto em seus pensamentos.
A chuva estava chegando, ainda não era hora da abertura do portão, porem eu não podia deixar aquela multidão aglomerada tomar chuva, então caminhei para o portão decidida a abri-lo, era a hora tão esperada, hora mágica do sonho que se torna realidade, continuei caminhando para o portão, pensei comigo vou tirar este caminhão para o menino, fiquei tentada em fazer isso, no entanto pensei nas outras crianças que teriam o mesmo direito, abri então o portão torcendo para o nosso herói ganhar o seu premio, quase atropelado por outras crianças e pessoas ele conseguiu! Como ele foi forte e destemido, eu intimamente satisfeita vi o brinquedo que ele queria era um caminhão de plástico faltando duas rodas, naquele atropelamento, eu perguntei ao menino, o que vc vai fazer para brincar com esse caminhão sem rodas, ele me respondeu, eu coloco duas rodas nele e fica novinho.
Tive então uma lição pois eu não esperava tal resposta vinda de uma criança, aprendi que realmente tudo que não tem valor pra uns, é precioso para outros, roupas, sapatos, alimentos, tudo é de grande valia...

Ação Cidadania
Entrega de alimentos, Cambuí

Nenhum comentário:

Postar um comentário